Trabalho de Biologia e História - 2° Cáa-Oby

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Características Biológicas

Um grande número de moléstias causadas por vírus aflige a humanidade há milênios (sarampo, tifo, caxumba, escarlatina, varíola, poliomielite etc.). No entanto, até pouco tempo atrás, esses patógenos eram desconhecidos. A gripe ou influenza, por exemplo, recebeu esse nome na Itália durante o século 15, pois as pessoas achavam que ela era causada pela influência de astros celestes. Somente com o desenvolvimento do microscópio eletrônico, a partir de 1930, é que foi possível identificar os primeiros vírus. Contudo, nenhuma dessas patologias teve o impacto global da gripe espanhola.


Idosos, jovens e adultos saudáveis foram igualmente afetados pela doença e pessoas que não apresentavam sinais da infecção podiam morrer poucas horas após serem infectadas pelo vírus. A taxa elevada de mortalidade da gripe espanhola foi favorecida pelo aumento no fluxo pessoas entre diferentes regiões em decorrência da Primeira Guerra Mundial e pela ausência de métodos científicos e de medicamentos para combater a moléstia.


A capacidade dos vírus da gripe de estocar sua informação genética em moléculas de RNA confere a eles uma maior capacidade de sofrer mutações, pois não possuem um sistema de controle de erros de replicação como os vírus de DNA. Assim, esses patógenos podem escapar ao controle imunológico do organismo hospedeiro com maior facilidade.


Normalmente essas mutações são pequenas, porém ocasionalmente ocorrem mudanças radicais nos vírus que impedem que os patógenos sejam eliminados por nosso sistema imune – nesses casos, aparecem as epidemias e pandemias como a de 1918. Como a grande maioria desses tipos de vírus, o H1N1 surgiu após mutações em aves asiáticas. Porém, de uma forma incomum, esse patógeno foi transmitido dessas aves diretamente para moradores da região, sem infectar antes outros mamíferos, como porcos, por exemplo. Curiosamente, apesar de ela ter surgido na Ásia, a pandemia foi chamada de “gripe espanhola” devido à grande propagação inicial que a moléstia teve naquele país.


Em busca do vírus



Cientistas interessados em estudar os mecanismos empregados pela cepa H1N1 têm se aventurado por locais estranhos, como cemitérios de regiões geladas como o Alasca, para obterem exemplares preservados desse vírus em amostras de tecidos de vítimas da gripe espanhola. Devido à extrema virulência dessa linhagem viral, a iniciativa suscitou temor de que ocorresse uma liberação acidental do vírus no ambiente.


Apesar desse temor, uma pesquisa realizada por uma equipe da Agência Canadense de Saúde Publica, liderada por Darwyn Kobasa e publicada na edição de 18 de janeiro da revista Nature , demonstra que o vírus da gripe espanhola causava uma forte reação auto-imune que levava rapidamente à falência pulmonar do organismo hospedeiro. Em seu estudo, a equipe de Kobasa infectou macacos com amostras de vírus obtidas a partir de tecidos congelados de vítimas da gripe espanhola de 1918. Sinais clínicos da infecção viral foram observados 24 horas após a inoculação e os animais tiveram que ser sacrificados antecipadamente no oitavo dia do experimento.


Uma resposta imune exacerbada do hospedeiro acometido com o vírus H1N1, conhecida como tempestade de citocinas, está associada com a alta taxa de mortalidade da gripe espanhola.


As citocinas são moléculas de sinalização produzidas por tipos celulares presentes em locais de infecção e por células de defesa como linfócitos T e macrófagos. As citocinas coordenam a reação imune do organismo e sua produção é regulada de forma precisa. Porém, nas ocasiões em que o sistema imune tem de enfrentar bactérias e vírus muitos patogênicos como o H1N1, o organismo pode perder a capacidade de regular a liberação das citocinas. Conseqüentemente, a ação das células de defesa pode ficar descontrolada e elas podem começar a agir de forma indiscriminada, destruindo tecidos do próprio organismo.


O termo “tempestade de citocinas” foi cunhado em 1993 por Ferrara e colaboradores. Esse fenômeno pode ocorrer em respostas imunes contra enxertos, septicemia e varíola. Acredita-se que, no caso da gripe espanhola, um dos alvos dessas células imunes sejam os pulmões: devido à inflamação, eles se enchem de líquido e a respiração é bloqueada, levando à morte. Pessoas acometidas pela gripe espanhola apresentavam uma obstrução severa nos pulmões após algumas horas e, em estágios mais avançados, uma hemorragia pulmonar associada com pneumonia.




Controle de linhagens



Para se evitar o surgimento de novos episódios como o da pandemia gripe de 1918, a Organização Mundial de Saúde faz um controle de novas linhagens que surgem a cada ano nas diferentes regiões do mundo. Novas vacinas são então produzidas para essas linhagens. No entanto, devido à elevada taxa de mutações desses vírus, sua utilização resume-se a apenas uma ou poucas cepas.


Apesar dessa vigilância sem trégua, somos expostos constantemente a novas variedades de influenza como a gripe aviária – que levou à eliminação de milhões de aves em diversos países e à morte de 150 pessoas – e a novas viroses emergentes como o ébola, a rotavirose, a hantavirose e a dengue. Muitas delas são contraídas quando perturbamos e devastamos ambientes como as florestas tropicais e têm a sua disseminação facilitada pelo comércio global, pela facilidade de viajar para locais distantes e pela superpopulação mundial.


Infelizmente, apesar da vigília constante e do desenvolvimento tecnológico, se uma nova virose com a mesma letalidade da gripe espanhola surgir em nosso planeta atualmente, dificilmente teremos a capacidade de evitar que outros milhões de pessoas pereçam como no funesto ano de 1918.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Prevenção

Prevenção

Infelizmente naquela época não havia prevenção para a gripe espanhola. Mesmo hoje não há cura para o vírus Influenza. Tudo o que os médicos podiam fazer na época era deixar seus pacientes o mais confortáveis possível. A cor azulada na pele dos doentes evoluía para marrom ou roxo e seus pés ficavam pretos. Os “sortudos” se afogavam com o fluído nos pulmões. Os outros desenvolviam pneumonia bacteriana e agonizavam de uma infecção secundária. Como os antibióticos ainda não haviam sido inventados essa doença também não podia ser tratada.

Felizmente hoje temos como combater a pneumonia decorrente da gripe suína, o que aumenta muito as chances de sobrevivência à infecção.

Sintomas da gripe espanhola

Sintomas


São os mesmos que a gripe normal, porém um pouco mais fortes e propícios ao desenvolvimento de uma pneumonia.

  • febre
  • dor de cabeça
  • dores pelo corpo
  • mal-estar geral
  • tosse
  • coriza

História - Parte 2




Chegada ao Brasil

No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918: marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África, desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que era então a capital do país.



As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, com tropas em trânsito por conta da guerra, essa aposta se revelou rapidamente um engano.

Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. Diante do desconhecimento de medidas terapêuticas para evitar o contágio ou curar os doentes, as autoridades aconselhavam apenas que se evitasse as aglomerações.

Nos jornais multiplicavam-se receitas: cartas enviadas por leitores recomendavam pitadas de tabaco e queima de alfazema ou incenso para evitar o contágio e desinfetar o ar. Com o avanço da pandemia, sal de quinino, remédio usado no tratamento da malária e muito popular na época, passou a ser distribuído à população, mesmo sem qualquer comprovação científica de sua eficiência contra o vírus da gripe.



Imagine a avenida Rio Branco ou a avenida Paulista sem congestionamentos ou pessoas caminhando pelas calçadas. Pense nos jogos de futebol. Mas, ao invés de estádios cheios, imagine os jogadores exibindo suas habilidades em campo para arquibancadas vazias. Pois, durante a pandemia de 1918, as cidades ficaram exatamente assim: bancos, repartições públicas, teatros, bares e tantos outros estabelecimentos fecharam as portas ou por falta de funcionários ou por falta de clientes.

Pedro Nava, historiador que presenciou os acontecimentos no Rio de Janeiro em 1918, escreve que “aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas. Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrível não era o número de casualidades - mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos. O espantoso já não era a quantidade de doentes, mas o fato de estarem quase todos doentes, a impossibilidade de ajudar, tratar, transportar comida, vender gêneros, aviar receitas, exercer, em suma, os misteres indispensáveis à vida coletiva”.

Durante a pandemia de 1918, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, reestruturando sua organização administrativa e de pesquisa. A convite do então presidente da república, Venceslau Brás, Chagas liderou ainda a campanha para combater a gripe espanhola, implementando cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento à população em diferentes pontos do Rio de Janeiro.

Estima-se que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram.


História - Parte 1


Dimensões da Gripe Espanhola

1918, Primeira Guerra acontecendo na Europa, quando um surto de gripe atingiu o hemisfério norte todo durante a primavera (deles) em março. Muitas pessoas foram infectadas, com os sintomas normais da gripe, febre, calafrios e indisposição. Todos os países tiveram surtos, na Espanha 8 milhões de pessoas ficaram doentes, incluindo o rei Afonso XIII. A maioria dos países não admitia o surto que estava acontecendo, já que isso implicava em soldados fora de combate. A Espanha que até então estava neutra na guerra não escondeu o que se passava, e a gripe que era chamada de gripe dos 3 dias começou a ser chamada de gripe espanhola. Rapidamente, ela sumiu.
Em agosto, outono no hemisfério norte, a gripe voltou. Atacou em todos os lugares, Ásia, Europa, Américas. Mas dessa vez ela estava diferente.Estranhamente atacava os jovens, com um pico de infecção entre 20 e 30 anos, enquanto normalmente a curva de idade é um U, atacando mais crianças e idosos, essa formava mais um W. Os sintomas também estavam diferentes, além da febre e dor de cabeça, em alguns dias começava a falta de ar, o rosto começava a ficar roxo, os pés pretos, e em pouco tempo a pessoa morria afogada, com os pulmões cheios de fluidos. Os acampamentos militares, cheios de jovens dividindo quartos, foram atacados em cheio.

Enquanto uma gripe normal mata menos de 0,1% dos doentes, essa matava até 2,5%. Pode parecer pouco, mas com pelo menos 25% da população americana doente, o estrago foi enorme, mais de meio milhão de mortos. Essa é a diferença principal. Enquanto o Ebola mata até 90% das pessoas, infecta poucos, já essa gripe infectou tantos que deve ter matado entre 20 e 100 milhões de pessoas - a 1ª Guerra matou cerca de 9,2 milhões em combate, 15 milhões no total, a 2ª, 16 milhões. Algumas tribos esquimós sumiram do mapa.

Faltavam caixões para enterrar as pessoas, e em muitos lugares os velórios eram limitados a minutos, tamanha a procura.

Até hoje não se sabe como a doença se espalhou tão rápido, em questão de dois meses o mundo inteiro foi atingido, e em muitos casos cidades distantes tinham surto ao mesmo tempo, enquanto as cidades vizinhas podiam levar semanas para serem atingidas.

Nos EUA e no Japão, foram selecionados presos para testarem como a doença era contraída. Não se sabia que era um vírus que causava a doença. Eles pegavam presos que não tiveram contato com a gripe e após os testes, os presos teriam cumprido a dívida com a sociedade - comitê de ética também não era tão presente na época. Borrifavam muco de pessoas doentes no nariz e nos olhos dos presos, injetavam sangue embaixo da pele e pediam para os doentes tossirem e espirrarem no rosto. Nenhum dos presos americanos contraiu a doença. No Japão conseguiram ver que fluidos filtrados eram capazes de infectar as pessoas, forte indicação de que o agente infeccioso era um vírus (bactérias ficavam retidas pelo filtro), mas não conseguiram repetir os resultados.


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